A educação inclusiva é um tema relevante para o mercado educacional brasileiro. Em suma, trata-se de um conceito que prega por um ensino mais democrático, diverso e rico, em que todos os estudantes são bem-vindos.
Mas você sabe como funciona esse tipo de metodologia acadêmica na prática e como ela pode transformar sua instituição de ensino?
Afinal, aprender, desenvolver suas capacidades e ser incluído, de fato, na sociedade é um direito de todos. E é dentro deste contexto que a educação inclusiva atua, transformando a escola em um espaço de integração entre o ensino regular e o ensino especial.
Afinal, seguir com os modelos tradicionais de escolas separadas acaba sendo um retrocesso quando se pensa na melhoria do aprendizado, promoção da diversidade e respeito às diferenças.
Ou seja, a escola inclusiva acaba sendo uma forma de melhorar a educação para todos, gerando resultados positivos que impactam vários outros fatores da sociedade.
Aliás, se você tem interesse em saber mais sobre esse tema, confira abaixo o que é escola inclusiva, sua importância e também seus desafios. Boa leitura!
O que é educação inclusiva?
Antes de mais nada, a educação inclusiva é uma modalidade de ensino na qual o processo educativo deve ser considerado um processo social em que todas as pessoas, com deficiência ou não, têm o direito à escolarização. Assim, a educação inclusiva promove a valorização da diversidade e o respeito aos direitos humanos, proporcionando um ambiente de aprendizagem que acolhe e atende às necessidades de todos os alunos.
Portanto, antes de entendermos mais sobre o que é a educação inclusiva, é necessário compreendermos a diferença entre ela e a educação especial.
Semelhantemente, a educação especial é uma modalidade de ensino com a função de promover o desenvolvimento das habilidades das pessoas com deficiência, que abrange todos os níveis do sistema de ensino, desde a educação infantil até a formação superior.
Ela é responsável pelo atendimento especializado ao aluno, assim, seu público-alvo são estudantes com algum tipo de deficiência (auditiva, visual, intelectual, física ou múltipla), com distúrbios de aprendizagem ou com altas habilidades (superdotados).
De acordo com dados do Censo Escolar, o aumento de matrículas de estudantes com necessidades especiais cresceu mais de 30% em todo país. Certamente isso ressalta a demanda desse público e a importância do debate e de práticas voltadas à inclusão em todas as escolas.
Conforme a lei n.º 13.005, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), escolas brasileiras devem garantir um sistema inclusivo. Alunos entre 4 e 17 anos com necessidades especiais têm o direito de serem matriculados em classes comuns a todos.
Ou seja, uma educação voltada à formação completa e livre de preconceitos, que reconhece as diferenças e dá a elas seu devido valor. Para ela acontecer, é fundamental a criação de redes de apoio aos educadores.
O que são as redes de apoio?
O aprendizado dos alunos com deficiência é de responsabilidade de todos que fazem parte do processo educacional e não apenas do professor. Nesse sentido, existem as redes de apoio compostas por pessoas que colaboram no processo de ensino e aprendizagem do aluno. A seguir, listaremos todos que fazem parte dela.
A família
Ela é a primeira e a principal responsável pela educação escolar da criança ou do jovem. Por isso, é tão importante que se crie uma relação de cooperação e confiança entre escola e família, e que exista uma ampla comunicação entre elas.
Os profissionais da área de saúde
Esses profissionais ajudarão os educadores a entenderem as necessidades do aluno e poderão dar direcionamentos sobre como atendê-las. Eles podem ser:
- médicos;
- fisioterapeutas;
- fonoaudiólogos;
- psicólogos;
- psicopedagogos.
Qual é o papel da escola?
A escola tem o dever de aceitar os alunos com deficiência e realizar as adaptações necessárias para que eles tenham seu direito à educação garantido.
Outra preocupação que a escola deve ter é fornecer aos seus educadores capacitação e formação continuada, fundamentais para lidar com esses alunos, bem como as adaptações e os equipamentos que forem necessários ao seu aprendizado. Reuniões entre os professores e os coordenadores pedagógicos favorecem a troca de experiências e o aprendizado.
Infelizmente, os cursos de graduação não preparam os futuros professores para lidarem com as diferenças e particularidades de cada aluno.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que orienta as escolas. Ele deve ser seguido por toda a educação básica, porém não se trata de algo fixo e imutável.
Realizar uma flexibilização nesse currículo de modo a favorecer a aprendizagem do aluno com deficiência também é papel e responsabilidade da escola e de todos os seus educadores. Essa flexibilização inclui fornecer material e mobiliário essenciais e adquirir equipamentos específicos, como computadores e softwares.
A escola não está sozinha nessa tarefa. Esse deve ser um trabalho conjunto entre a escola regular, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e o Estado.
Quais são elementos importantes para colocar a educação inclusiva em prática?
Desde a estrutura do prédio até os métodos de ensino adotados, escolas precisam se preparar para ter salas e ambientes multifuncionais e inclusivos. Isso inclui pensar em acessibilidade e no ajuste de diversas instalações, como banheiros, que precisam ter pias e sanitários adequados para pessoas com necessidades especiais.
Em outra esfera, as abordagens de ensino também precisam ser repensadas. Um caminho é optar por metodologias ativas, que colocam o aluno no centro de seu processo de ensino e aprendizagem. Esses métodos são vantajosos, pois promovem uma educação mais empática, colaborativa e solidária, além de trabalhar a autonomia e confiança do aluno.
No mais, é importante adotar uma postura flexível em relação ao currículo e priorizar avaliações que considerem o processo, e não somente testes sumativos que analisam o quanto de conteúdo o aluno sabe.
Atualmente, muito se fala sobre um processo de avaliação por projetos, que acompanham e testam o progresso do aluno integralmente, além de focar no desenvolvimento de habilidades interpessoais.
Qual é a diferença entre inclusão e integração?
Por vezes, a educação inclusiva pode ser confundida com outros conceitos, como a integração. Por mais que estejam falando de processos semelhantes, esses termos diferem no que diz respeito às dinâmicas nas escolas e sala de aula.
A integração fala sobre um processo em que se criam condições para que pessoas com deficiência consigam participar das atividades escolares com os demais alunos. Para isso, são mobilizados recursos e apoio para que esses estudantes consigam acompanhar e se adaptar à realidade escolar.
A inclusão vai muito além. Esse conceito coloca em cheque o que a sociedade acredita ser “normal” e parte do princípio de que existe uma heterogeneidade entre as pessoas. Logo, a diferença é valorizada, respeitada, acolhida e reconhecida em todos os níveis.
Assim, a inclusão toma como base a importância de que exista uma comunidade escolar e um sistema de ensino que sejam acessíveis e únicos para todos. Dessa forma, a inclusão propõe a criação de um currículo no qual métodos e práticas permitam que cada estudante possa aprender de forma diferente.
Em suma, a inclusão trata de um movimento de mudar e melhorar a educação para acolher a todos, e não segregar pessoas por suas diferenças.
Quais são os pilares da educação?
O relatório para a Unesco feito pela Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI apresenta quatro pilares sobre os quais a educação deve se firmar:
- aprender a conhecer;
- aprender a fazer;
- aprender a conviver;
- aprender a ser.
Firmar a educação inclusiva em todos esses pilares é garantir que a aprendizagem de crianças e jovens com deficiência aconteça por meio das várias possibilidades de desenvolvimento que podemos encontrar na escola.